quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

SÁBADO, 15 DE JANEIRO DE 2022 ÀS 15:00 - CONCENTRAÇÃO CONTRA A DESTRUIÇÃO DAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA Praça de Luís de Camões, 1200-243 Lisboa, Portugal


 SÁBADO, 15 DE JANEIRO DE 2022 ÀS 15:00


CONCENTRAÇÃO CONTRA A DESTRUIÇÃO DAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA Praça de Luís de Camões, 1200-243 Lisboa, Portugal

Nos últimos meses, o país tem assistido a verdadeiros atentados contra a Rede Nacional de Áreas Protegidas, protagonizados pelo Governo, autarquias e até pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Em causa está o aumento da pressão humana em áreas onde o objetivo principal deveria ser o da manutenção dos ecossistemas que nos permitem preservar a biodiversidade, os solos e os recursos hídricos. De facto, as paisagens naturais são transformadas, por exemplo através da instalação de extensos passadiços ou de baloiços, sem a devida avaliação dos impactos ambientais associados. Na gestão das áreas naturais, a vertente economicista tem, em certos casos, tendido a assumir prioridade face à vertente ecológica, o que agrava o cenário de perda de áreas naturais, já muito desfavorável para Portugal no contexto europeu e internacional.
Adicionalmente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, com recurso a financiamentos públicos, comunitários e nacionais, tem efetuado brutais operações de corte e trituração de arvoredo, com os argumentos de prevenção de fogos e de controlo de espécies exóticas invasoras. Estas operações utilizam maquinaria pesada em solos sensíveis, incluindo habitats como dunas e zonas húmidas, potenciam as emissões de dióxido de carbono, comprometem os solos e os recursos hídricos, destroem fauna e flora autóctone e acentuam o risco de incêndio. Quanto ao arvoredo autóctone abatido, face à elevada procura de madeira nos mercados, não está claro se a operação resulta na obtenção de receitas para o Estado ou para entidades privadas, situação que urge ser investigada.
O que se tem passado na Mata Nacional do Medos, Reserva Botânica que integra a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica [2], às portas de Lisboa, é elucidativo da destruição levada a cabo pelo ICNF. Esta situação está longe de ser isolada, casos semelhantes ocorreram e ocorrem noutras áreas protegidas, como a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto [3], a Serra da Lousã [4] [5] ou o Paul do Taipal [6].
Enquanto que as directrizes da União Europeia apontam para a necessidade de descarbonização e de conservação da natureza, a prática do Governo Português tem caminhado no sentido inverso, com altas emissões de gases poluentes, e projectos de construção que promovem o declínio a da biodiversidade autóctone e o aumento de espécies invasoras, para além de acentuarem a degradação dos solos e a capacidade de armazenamento de água.
Contra a destruição do património natural nacional, protagonizado pelo Governo, promovida pelo grupo de cidadãos do Movimento em Defesa da Mata dos Medos, agenda para Lisboa, no próximo dia 15 de janeiro, às 15 horas, uma concentração no Largo de Camões e convida todas as pessoas, associações e outros colectivos a unirem-se e a denunciar as más práticas que colocam em causa a defesa ambiental do país.
Referências
[1] OECD (2020), "Land resources: Land cover change in countries and regions", OECD Environment Statistics (database) using data from the European Space Agency CCI-Land Cover project.
[2] Expresso: “Impacto brutal”: associaç~ºoesm ambientalistas denunciam intervenção do Instituto de Conservação da Natureza na Mata dos Medos, em Almada” - 07/12/2021
[3] FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade: “Nota sobre a Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, para memória futura” - 08/11/2021
[4] Público: “Cortes rasos de árvores na Serra da Lousã motiva queixa às autoridades” - 10/11/2021
[5] Público: “Associações da Lousã travam cortes de árvores com acção popular” - 17/11/2021

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