terça-feira, 25 de julho de 2023

Pinhal do Rei ou Mata dos Medos da Caparica

No reinado de D. João V (1706-1750) foi mandada semear, no topo da arriba, zona relativamente plana, a atualmente denominada Mata dos Medos ou pinhal do Rei com o objetivo de proteger a área agrícola interior da progressiva invasão dos medos (lê-se "médus") ou dunas. Classificada como Reserva Botânica em 1971, a mata estende-se por cerca de 5 km entre a Descida das Vacas e a Fonte da Telha ocupando uma superfície de 340 ha, nela se podendo observar belos exemplares de pinheiro-manso e de sabina-da-praia, que ali adquire porte arbóreo. No estrato arbustivo evidenciam-se a sabina da praia, a aroeira, o medronheiro e o carrasco. Alberga 3 endemismos lusitânicos (espécies que apenas existem naturalmente em Portugal continental) e 12 espécies endémicas da Península Ibérica. 

Implantada em dunas interiores de constituição antiga, a sua altitude varia entre os 60 m (na crista da arriba) e os 110 m (cabo da Malha).




A Mata dos Medos situa-se na plataforma superior da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, nos concelhos de Almada e Sesimbra, ocupando uma faixa de 5 km ao longo da costa ocidental da península de Setúbal, perfazendo uma superfície de 338 hectares.

Terá sido mandada instalar pelo rei D. João V, entre 1689 e 1750, para impedir o avanço das dunas ou medos1 para as terras agrícolas. É atualmente o grande pulmão do concelho de Almada.

Foi classificada como Reserva Botânica em 1971, pelo decreto-lei n.º 444 771 de 23 de outubro, devido à riqueza florística apresentada. A mata apresenta grande riqueza e diversidade de espécies características do ecossistema de pinhal.

Estão assinalados três endemismos lusitânicos e quinze ibéricos de elevado valor botânico.

É uma extensa área de pinhal, com pinheiros centenários e uma reserva botânica com espécies autóctones. O rosmaninho, a aroeira, a sabina-da-praia e o tomilho são alguns dos exemplares da flora que podemos facilmente encontrar.

Na fauna ainda existente, apesar da forte pressão urbanística, persistem algumas rapinas como a águia-de-asa-redonda, o açor, o peneireiro-cinzento e o peneireiro vulgar, bem como alguns exemplares noturnos, como o mocho-galego e a coruja das torres. A lebre, o ouriço-cacheiro, a toupeira e ainda a raposa, o toirão, a geneta e o gato-bravo completam a lista da avifauna presente no maciço verde.

Algumas espécies de aves migratórias escolhem também a Mata dos Medos para nidificação. Durante todo o ano residem no pinhal o pica-pau-malhado-grande, a alvéola-branca, a poupa, o cuco, o pintassilgo, o pisco-de-peito-ruivo, o melro, a perdiz-comum, a pega-rabuda e a gralha.

Os anfíbios e os répteis estão também bem representados neste ecossistema costeiro.

Na Mata dos Medos, como em muitas zonas protegidas de elevado interesse ambiental, estão previstos projetos que são alvo de várias críticas por parte de organizações ambientalistas do nosso país. Estas são zonas muito sensíveis que devem ser protegidas, as intervenções nelas realizadas têm de ser bem ponderadas, estudadas e avaliadas, sobrepondo-se a quaisquer interesses economicistas.

O investimento em programas de sensibilização da população permanente e sazonal deverá ser uma prioridade, para que se atribua mais valor à riqueza intrínseca que estas zonas representam. A Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica é visitada anualmente por centenas de milhares de pessoas, principalmente na época estival, na procura da orla marítima e do usufruto das matas nacionais.
















 Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos parte integrante da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica

Fotografias Zito Colaço

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Hél­der Jóia da Sil­va, en­ge­nhei­ro sil­vi­cul­tor, na Mata dos Medos.


No dia 1 de Fevereiro tivémos a visita, na Mata dos Medos, de Hél­der Jóia da Sil­va, en­ge­nhei­ro sil­vi­cul­tor e um dos pou­cos téc­ni­cos exis­ten­tes, no país, com ex­pe­ri­ên­cia pro­fis­si­o­nal em ár­vo­res ur­ba­nas. Nesta sua visita, remete-nos para um artigo  da sua autoria, escrito em  colaboração com António Fabião, para a Revista Florestal, em 1994 e que volta a referir em 2018. O artigo intitulado -  

 "As podas camarárias: considerações sobre a futilidade de um acto de mutilação" é um tema fulcral, pertinente e actual. Diz o autor: " ...continuo a ver que esta prática se instalou nas nossas vilas e cidades, sem que os responsáveis se apercebam dos malefícios que provocam nas árvores urbanas.

...Pelos benefícios que elas nos trazem  trazem é impensável uma urbe pequena ou grande sem árvores; estas são um filtro de poeiras, sumidouros de CO2, dissipam energia dos ventos, absorvem ruído, dão-nos sombra, são um suporte da diversidade biológica."
  
Sobre aquilo que viu na Mata dos Medos, mostrou preocupação,  relativamente, ao desmatamento verificado, reiterando que há condições para a proliferação das invasoras como o Carpobrotus edulis (chorão) e a acácia-de-espigas.

Diz não entender este tipo de intervenção florestal,  em zona protegida e reserva botânica e que o ressecamento do solo é um convite à proliferação das plantas invasivas e um foco de incêndios. 

Convida-nos a ler o seu artigo, que deixamos aos interessados. 

Agradecemos a sua presença e deixamos a tónica, na educação ambiental e na vigilância, ao alcance de todos nós.











 

domingo, 23 de janeiro de 2022

Abates e Passadiços na Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos, parte integrante da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica

COMENTÁRIOS NA REDE
"Estas intervenções na Mata dos Medos, como noutros locais, são absolutamente irresponsáveis. No entanto, os seus promotores defendem-nas usando argumentos irracionais e completamente absurdos.
O ICNF, com esta iniciativa não promoveu qualquer protecção da Mata dos Medos. Contribuiu para a destruição de uma área desta mata e para valorizar sim, os negócios associados aos ridículos passadiços e obcessivas limpezas." M.A.
Muito obrigado pelo seu comentário.






























 

Pinhal do Rei ou Mata dos Medos da Caparica

No reinado de D. João V (1706-1750) foi mandada semear, no topo da arriba, zona relativamente plana, a atualmente denominada Mata dos Medos ...